sábado, 7 de maio de 2011

HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE DORES DO INDAIÁ - MINAS GERAIS

A história de Dores do Indaiá teve início no século XVIII. Em busca das minas de ouro, desbravadores abriam picadas, alargando trilhas, construindo portos e erguendo ranchos. Mas, antes disso, índios e bandeirantes já haviam trilhado os sertões do Indaiá e do São Francisco.
Em 1736, três sócios adquiriram da Coroa a licença para abrir uma picada de Pitangui a Paracatu, visando às minas de Goiás. Um deles era Domingos de Brito, que obteve uma sesmaria e levantou o primeiro rancho desta região, que compreendia o território dos municípios de Dores do Indaiá e Estrela do Indaiá.
Segundo o historiador Waldemar de Almeida Barbosa, Domingos foi o primeiro povoador de nosso território, mas, parece não ter conseguido manter-se por aqui devido, provavelmente, à hostilidade dos índios Tapuias, o que o obrigou a abandonar suas terras. Além disso, de acordo com o escritor Rubens Fiúza, até 1760, a presença dos Caiapós e Abaetés atrasou por décadas o início da colonização sesmeira na região.
A partir de 1763, deu-se a decadência das minas de ouro e povoadores vindos de diversos centros de mineração, sobretudo de Pitangui, deram início a povoados como Dores do Indaiá, Serra da Saudade, Estrela do Indaiá, Martinho Campos e Abaeté.
Em 1780, quatro irmãos, ex-mineradores pitanguienses – Amaro, José, Joaquim e João da Costa Guimarães – cujos pais eram de Santo Amaro, hoje Queluzito, obtiveram sesmarias e aqui se estabeleceram. Amaro criou a fazenda Santa Fé (que hoje ainda preserva as características originais) e os demais se apossaram de outras terras.
No início do século XIX, os fazendeiros que já estavam estabelecidos decidiram construir uma capela, ao redor da qual foram surgindo várias casas. Rapidamente, estava formado o arraial da Boa Vista – o nome deve-se a razões que os olhos podem explicar.
Depois de construída a capela-mor, o capitão Amaro, com donativos dos demais fazendeiros, construiu o corpo da igreja, no largo de São Sebastião. Embora a paróquia fosse dedicada à Nossa Senhora das Dores, a matriz tinha por orago São Sebastião, que era devoção popular e protetor contra as pestes, que, naqueles tempos, invadiam os sertões e faziam suas vítimas. Infelizmente, esta primeira igreja, que deu origem a Dores do Indaiá, foi destruída em 1937.


Em 1840, a Câmara de Pitangui, à qual Dores do Indaiá era subordinada, pediu a elevação do arraial à vila e sede municipal. Em maio de 1850, o Presidente da Assembléia Provincial sancionou lei que criou a vila de Nossa Senhora das Dores do Indaiá, estipulando que seus habitantes construíssem os edifícios para as sessões da Câmara e do júri e uma cadeia com a necessária segurança. Mas, como a população não demonstrou interesse em fazê-lo, uma lei do ano seguinte determinou que fosse suprimida a vila e que seu território fosse incorporado ao município de Pitangui. Porém, pouco depois, a vila foi restaurada e o município de Dores do Indaiá passou a pertencer à Comarca do Rio das Velhas, com sede em Sabará.
Em 1854, a vila e o município de Dores do Indaiá foram instalados. Para funcionamento da Câmara, foi escolhida a melhor e maior casa que havia, onde hoje se encontra a Santa Casa de Misericórdia “Dr. Zacarias”. A cadeia também foi construída. A instalação da vila e sede municipal provocou grande repercussão e trouxe gente de Pitangui, Ouro Preto, Sabará, Itapecerica, que eram, em sua maioria, funcionários de repartições e suas famílias.
Criados a vila e o município de Nossa Senhora das Dores do Indaiá, a Câmara de Pitangui providenciou a eleição para o primeiro governo do novo município. Em 1854, realizou-se a primeira eleição para a Câmara de Dores. O primeiro administrador (Presidente da Câmara e Agente Executivo Municipal) foi o Tenente Narciso Pereira da Costa.
Em 1860, o governo de Minas se achava nas mãos do Partido Conservador, mas, em Dores, venceram os liberais, apesar de os conservadores, nos primeiros anos da vila, terem sido maioria. Foi pedido aos líderes conservadores de Pitangui enviaram apelo aos deputados provinciais conservadores, para retirarem de Dores a regalia de vila e sede municipal, transferindo-a para a Marmelada (hoje, Abaeté), onde havia influentes elementos conservadores. Em 1873, a sede da vila foi transferida para Dores do Marmelada. Todo o arquivo da Câmara de Dores seguiu para Abaeté, e para lá transferiram residência diversos funcionários.
Como os representantes conservadores da Marmelada perderam força, passaram a ser submetidos ao chefe liberal Barão do Indaiá, Tenente Coronel Antônio Zacarias Álvares da Silva. O interesse de que Dores voltasse à condição de vila e sede municipal era de muitos e vários abaixo-assinados foram feitos. Entre os argumentos à Assembléia Provincial, foram citadas a matriz de Nossa Senhora das Dores, a cadeia, a estrada que por aqui passava e promovia circulação comercial, entre outras vantagens. Finalmente, em 15 de setembro de 1882, foram novamente instalados a vila e o município de Dores do Indaiá. Em 8 de outubro de 1885, Dores do Indaiá foi elevada à categoria de cidade e, em 1890, instalada a comarca.
Mais para o fim do século XIX, surgiu uma importante via de acesso a Dores – a navegação por barcaças no rio São Francisco. Mas, esse tipo de transporte oferecia muitos riscos, como assaltos e acidentes na época de chuva. Então, o comércio externo de Dores passou a operar com o terminal ferroviário de Abadia, atual Martinho Campos. O ramal Abadia – Pitangui foi inaugurado em 1900 e, através dele, era feito todo o movimento de importação e exportação. De tão intensas se tornaram as relações entre Dores do Indaiá e Abadia, foi instalada a primeira linha telefônica, em 1916. Em 1919, foi construída a primeira estrada para automóvel, ligando as duas cidades.
Nos anos 20, Dores progrediu muito. Tinha uma imprensa atuante - desde o final do século XIX dezenas de jornais contaram a história da cidade -, adquiriu rede pública de água, luz, estrada de ferro e escola normal. Em 1921, foi concluída a obra da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores, hoje patrimônio histórico e arquitetônico do município.
A crise de 1929 gerou impactos na economia dorense e veio então a falta de dinheiro, o desemprego, a crise no café – Dores foi grande produtor de café, inclusive cafés finos, tipo exportação, até 1930 –, a desativação do ramal ferroviário e a conseqüente diminuição da população.
Dores do Indaiá foi importante centro liberal (voluntários dorenses movimentaram a Revolução Liberal, em 1842) e uma das poucas cidades do interior mineiro a ter um clube republicano, em 1889. Também na Guerra do Paraguai, em 1866, o dorense Tenente Zacarias Zica foi personagem de destaque.
Dores do Indaiá foi referência cultural e educacional. Durante muitos anos, a cidade se divertiu no Teatro Melpômene, no cinema e nos clubes. Outra distração era o futebol, com times que sempre tiveram tradição. As festas de congado começaram em 1832 e hoje são a expressão máxima da cultura popular e religiosa de Dores do Indaiá.

Fonte:
Livro "Centro Oeste Mineiro - História e Cultura" / Cecília Sá de Lino Silva - páginas 112 e 113.

HISTÓRIA DO JORNAL O LIBERAL


Houve um tempo em que a imprensa de Dores do Indaiá era bem ativa. Cultura e política efervescentes formavam um terreno fértil para articulistas e jornalistas encherem as páginas dos jornais (sim, mais de um impresso circulou ao mesmo tempo pelas ruas da cidade, num constante estímulo às prosas de esquina e nos salões e círculos de amizade).
Mas o veículo de comunicação que se firmou como representante dos interesses da população e dos governos foi mesmo “O Liberal”, reconhecido como o mais tradicional jornal de todos os tempos.
Sua primeira edição chegou às mãos dos leitores em 1933, por iniciativa do prefeito de então, Cornélio Caetano. Naquela época, era redigido pelo escritor José Ribeiro Machado (Zezé Machado) e circulou até 1946. Deste ano até 1948, foi de propriedade de Rubens Fiúza. Também teve direção, durante anos, de Nilo Peçanha de Araújo. Depois, foi transferido para Bento Galvani, que se associou a Antônio Lopes Cançado, permanecendo ativo de 1973 a 1989. Reapareceu em 1993 como informativo da Prefeitura Municipal até o ano de 1996. Depois foi editado de 1997 a 2000, registrando fatos e mandatos políticos e todos os assuntos relacionados à cidade.
Em 2005, “O Liberal” ressurgiu, graças à Administração Municipal 2005/2008, noticiando ações do Poder Executivo e desenvolvendo pautas nascidas na própria comunidade, informando, através de matérias e notas, tudo o que era de interesse da população.
O jornal neste formato circulou de 2005 a 2008, algumas vezes alterando sua periodicidade, de acordo com a necessidade e a demanda.
Devido ao período eleitoral, e cumprindo determinações previstas em lei, a Prefeitura, que tinha o jornal sob sua responsabilidade, precisou suspendê-lo, até que pudesse editá-lo novamente, sem risco de publicar informações que pudessem influenciar no poder de decisão do cidadão eleitor.
A reeleição foi consumada e “O Liberal” voltou a circular, desta vez num formato renovado, mais compacto, colorido e clean. Outra mudança foi o caráter puramente institucional, o que promoveu a divulgação de notícias da administração de maneira mais objetiva e clara. A periodicidade do veículo, em 2009, também sofreu algumas alterações e, depois de algum tempo, o jornal foi novamente suspenso, devido a cortes necessários no orçamento público.
A Prefeitura Municipal utiliza “O Liberal” como ferramenta de comunicação com os cidadãos dorenses, quando existem condições favoráveis para que o veículo seja editado.



Fonte: http://www.doresdoindaia.mg.gov.br/web/pagina.php?id=13, acessão em 24 de dezembro de 2009 as 20h30.